Publicado por: Real Trás-os-Montes e Alto Douro | Abril 19, 2010

HERÓICA FIDELIDADE TRANSMONTANA

Manuel da Silveira Pinto da Fonseca foi, como seu pai, um grande soldado durante a Guerra peninsular e teve grande notoriedade política durante os primeiros anos das Lutas Civis.

Nasceu no Palácio da Rua do Sabugueiro, em Vila Real, a 3 de Janeiro de 1782 e foi filho do 1º Conde de Amarante.

Foi educado com seu irmão Miguel, no Colégio dos Nobres em Lisboa e daqui saiu para assentar praça como Cadete no Regimento de Cavalaria do Cais então comandado pelo Marechal de Campo Marquês de Angeja, seu irmão Miguel alistou-se na Marinha onde atingiu o posto de 2º Tenente, vindo depois a ser assassinado junto ao Colégio dos Nobres.

Quando Junot invadiu Portugal era Capitão de Cavalaria 6 de Chaves de que seu pai era Comandante.

Demitiu-se também do Exército e tratou em Vila Real de organizar a luta contra os invasores.

Liquidada a primeira invasão foi reintegrado no exército e promovido a Sargento-Mor e depois a Tenente Coronel foi também promovido Coronel do Regimento de Caçadores 3 e com esta unidade fez as campanhas da Guerra Peninsular em Portugal e em Espanha.

Acabada a luta voltou para Portugal e colocado no Comando da Praça de Valença. Quando a 24 de Agosto de 1820 se deu a Revolução Liberal no Porto, Manuel da Silveira e seu pai recusaram-se a aderir ao movimento.

A 23 de Fevereiro de 1823, fez rebentar em Vila Real, a primeira revolta contra o novo Regime. Aqui organizou um Governo interino do Reino em nome de D. João VI.

Tendo o Governo de Lisboa ordenado o ataque aos revoltosos pelas tropas das Beiras e do Minho, o já Tenente General Manuel da silveira, não só conquistou toda a província de Trás-os-Montes como foi ao encontro das tropas do Minho comandadas pelo General Luiz do Rego que veio a sofrer um grande revés no Combate de Santa Barbara a 13 de Março desse ano.

Faltando-lhe apoio de muitos regimentos comprometidos na Revolta e acossado pelas tropas leais ao Governo de Lisboa, teve de abandonar Portugal, pela fronteira de Bragança a 12 de Abril, levando consigo todos os seus soldados que passaram a formar a Divisão Trasmontana emigrada em Espanha para entrar em acção em melhor oportunidade contra o Regime Liberal.

O Governo de Vila Real continuou as suas funções no país vizinho.

A 27 de Maio desse ano dá-se a Vilafrancada e D. João VI é novamente aclamado Rei Absoluto.

Manuel da Silveira que tinha sido demitido do Exército e visto todos os seus bens serem confiscados, é abrangido pela amnistia concedida pelo Rei para comemorar tão grande acontecimento.

O Tenente-General Manuel da Silveira, Comandante em Chefe dos Exércitos Realistas em operações, entrou em Lisboa, à frente da célebre Divisão Transmontana, a 24 de Junho onde foi recebido com todas as honras, organizando-se então uma parada Militar para homenagear o Rei e mostrar aos Lisboetas os heróicos e quase míticos soldados transmontanos que regressavam do exílio e que primeiro se tinham batido pelas prerrogativas Reais, pelo Trono e pelo Altar.

Pelo Decreto de 3 de Julho de 1823, foi-lhe concedido o Titulo de Marquês de Chaves, em sinal de reconhecimento pela sua valentia e lealdade á Pátria e ao Rei.

Com a morte de D. João VI e a regência de sua filha, a Infanta Izabel Maria, que fez novamente jurar a Carta Constitucional, voltou a revoltar-se em Trás-os-Montes e, como da primeira vez, teve que emigrar para a Galiza, onde organizou um Exército de 4.000 homens.

Cansado de tantas lutas e minado pela tuberculose, conseguiu, com a subida de D. Miguel ao trono, ser amnistiado e fixou residência em Lisboa.

Morreu a 7 de Março de 1830.

Como seu pai, teve todas as Condecorações das Campanhas da Guerra Peninsular, A Grã-cruz da Torre e Espada, da Ordem de Cristo, da Legião d’Honra e de São Fernando de Espanha, além de outras honrarias que lhe foram concedidas por D. João VI.

Vila Real deve-lhe a honra de ter sido Sede de um Governo do Reino e nós, todos os portugueses, devemos-lhe a nossa admiração e agradecimento pela tenacidade lealdade e valentia que acendeu uma réstia de esperança, vontade de resistir até ao último fôlego que persistiu na nossa memória e nos servirá de bússola para o nosso futuro.


Respostas

  1. O Tenente General Manuel da Silveira Pinto da Fonseca é um exemplo a seguir como transmontano digno que sempre soube honrar a sua Pátria, a sua gente e o seu Rei.


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